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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Medida em meio aberto...


Alguns casos envolvendo adolescente são muito “cabulosos”, como eles mesmos dizem. Casos que os próprios profissionais da área, as vezes, não acreditam em recuperação. É muito comum o agente social não saber o que fazer. Esse fato ocorre porque sempre temos à nossa disposição as mesmas soluções. É preciso buscar algo novo.

Durante a campanha, é muito comum as pessoas me perguntarem se é possível dar jeito nesses adolescentes. Sim, sempre há solução. Os adolescentes, após cumprirem a medida em meio fechado, saem da unidade de internação cheios de sonhos de mudança e estão convictos de que não querem voltar para as drogas e nem para o crime. Porém, a grande maioria reincide. Por quê?

Resposta simples: praticamente não existe um trabalho efetivo com os egressos. Eles sempre vão voltar para o mesmo contexto social que estavam antes de serem presos e, ao se depararem com a mesma condição, voltam às mesmas práticas antagônicas.

Estima-se que cada adolescente internado em educandários custa em média cinco mil reais mensais aos cofres públicos, ou seja, privá-los de liberdade custa caro. Porém, existe uma possibilidade que está sendo discutida ultimamente: a família acolhedora.

Uma família com um bom quarto e amor sobrando pode entrar nesse programa e mudar a vida do garoto com menos de um quinto do que o estado gasta com adolescente internado. Todos esses adolescentes precisam de escola, passeios, tarefas domésticas, festinhas de aniversário, participação em grupos de discussão, apoio, esporte, cultural e lazer. Educar um ser em desenvolvimento é superar os limites do individualismo e se doar quase que integralmente pela garantia do processo positivo.

Quando se trata de crianças e adolescentes oprimidos ainda é mais gratificante. Essa é a mágica de casos como o do garoto Roberto Carlos que virou filme: um ex-menido-de-rua que foi adotado por uma pesquisadora francesa e se transformou no contador de histórias mais conhecido do Brasil. Morou na França com a família de sua mãe adotiva que era dona de uma grande vinha. Nessas condições, qualquer um se recupera.

Inserir novamente o adolescente no seu local de origem, muitas vezes, significa inaugurar um novo ciclo que vai culminar em uma nova privação de liberdade. Por isso a importância de encaminhá-lo, primeiramente, para um programa em meio aberto como a família acolhedora.

O usuário de drogas deixa de se drogar apenas quando existe algo melhor para fazer. Certamente ele não trocaria uma tarde em uma deliciosa piscina por 5 pedras de cack. Todos escolhem a piscina. Todos trocariam a droga por um abraço de amor sincero.

As pessoas deixaram de se doar para a educação e começamos a viver em um individualismo. Se deixamos de ensinar, as crianças não aprendem certas coisas e precisam sofrer para descobrir certos saberes que a pouco tempo era ensinado pelos adultos.

Os egressos tanto de clinicas quanto de centro de medias sócioeducativas em meio fechado, precisam ter opção melhor do que droga e o crime, caso contrário, já sabemos o fim.

Faber Miquelin


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